quinta-feira, 22 de abril de 2010

Há sempre "não saberes"

Escrevo, leio e apago. Escrevo, leio e apago. Tem sido assim hoje.
Parece-me estranho; o que mais puramente sinto é o que mais dificuldade tenho em expressar. Talvez por ser confuso e contraditório. Talvez por não o ser.
O artificial começa a parecer-me natural, e o natural, artificial. Não sei.
Quem sou, o que quero, o que faço, para quê, para quem,... Não sei. Faço porque gosto, porque sim ou porque não, porque pedem ou exigem. Não sei. Tenho razões para viver? Não sei. Tenho razões para morrer? Não sei.
A vida está feita de "não saberes", e é por isso que a continuo. É a emoção do não saber do amanhã que me vai enchendo os pulmões, e às vezes surgem impulsos, leves como a àgua da chuva que vai caindo lá fora, que me fazem respirar um pouco mais, e é quando pequenos cortes se abrem, e não abrangem só os pulmões, abrangem todo o meu corpo.
Há quem se queixe do sofrimento; eu gosto dele. Quanto mais me magouo melhor me sinto. Parece estranho sim, mas sofrer eleva-me. Há coisas que só se aprendem com feridas, ninguém vai lá com avisos, só com acções.

É na harmonia entre o natural e o artificial que consiste a nossa superioridade

2 comentários:

  1. E aqui eu penso: ainda bem que não apagaste este texto piolha :)
    Também já disse por aí algures que no fundo gosto de sofrer. Gosto mesmo.

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  2. 'só a dor nos faz perceber que isto é real'

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