segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Setembro

Estou finalmente a fazer uma coisa por mim. Cheguei à conclusão que também não o consigo fazer sozinha. Preciso de algum apoio. O que também descobri é que não me faz diferença quantas pessoas me apoiam ou não. Sei que quem o fizer realmente me quer ver feliz, o resto é a cagar.
A partir de Setembro abre-se um novo capitulo na minha vida. Vou dar sentido aquela expressão 'a vida não faz sentido quando não tens nada por que lutar', que ouvi algures e me fez sentir verdadeiramente perdida durante uns anos.
Nunca tive nada por que lutar, é verdade. Agora tenho um sonho, e no que estiver ao meu alcançe vou realizá-lo.
Este ano vai ser o pior de sempre, vai mesmo. Vou lutar e lutar, e esforçar-me e dar tudo de mim e vai parecer sempre que não chega. E vou-me sentir na merda. E vou pensar em desistir. E depois vai chegar alguém, nem que esse alguém tenha que ser eu, que me vai chamar à razão e dizer 'vai tudo correr bem. esforça-te durante mais uns meses e vais ter o futuro que sempre sonhaste e mereceste. sempre conseguiste ultrapassar tudo'. Ai, como eu gostava que esse alguém fosses tu.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Chega (2)

Deves ter ouvido a minha mensagem de voz no dia a seguir, porque foi quando me ligas-te.
Ligas-te uma vez e não atendi. Tinha medo que arranjasses uma desculpa qualquer, para no fim chegar à conclusão de que te tinhas enganado no número.
Ligas-te uma segunda vez, estava no banho.
Ligas-te uma terceira vez, não ouvi.
Ligas-te uma quarta vez e quando estava mesmo, mesmo para atender, desligaste. Ao menos tornaste as coisas mais fáceis.
Passado uns minutos recebi uma mensagem no meu telemóvel. Não era tua. Respirei num misto de alivio e irritação. Era só a dizer que tinha uma nova mensagem de voz.
Liguei para o número apresentado. Quando ouvi a tua voz as minhas mãos tremeram, depois as minhas pernas. Decidi sentar-me. 'Não tem que ser assim. Eu amo-te', disses-te.
Pensava que resistia. Mentira. Já sabia que isto ia acontecer. Já sabia que bastava aquela mensagem, ou outra qualquer, para neste momento estares a beber o teu café, à minha frente, com o teu sorriso matinal, a perguntares-me, inocentemente, 'que é que estás a fazer?'.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Chega

São 9 horas. Tenho o telemóvel na mão. A indecisão acompanha com exactidão o ponteiro dos segundos do relógio. Endoideço. Telefono ou não, telefono ou não, telefono ou não? Merda!
Mando mensagem a várias pessoas da minha lista de contactos. Salto a tua inicial só para não passar pela tentação de clicar no teu nome e fazer enviar.
Fiz sempre tanta coisa desnecessária por ti.
Lembrei-me agora do que um dia me disseste: 'no dia em que não quiseres mais isto diz-me só que chega. Não voltarei a ligar, a aparecer sequer na tua vida', enquanto me abraçavas.
Num acto de coragem momentânea (sim, também tenho disso) liguei-te. Esperava que não atendesses. Não atendeste. Esperei pelo bip e deixei uma mensagem de voz: 'Chega meu amor, desculpa mas chega.'

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Mudanças

O tempo não muda, a atmosfera não muda, a rotina não muda, eu não mudo.
Cansei-me. Mudei uma coisa. Mudei os meus pensamentos. Sim, não todos, mas alguns. Vejo isso já como um começo.
Agora quero mudar o resto. O tempo, a atmosfera, a rotina, mas principalmente, eu.
Delibero e deliberei sobre isto. Cheguei a uma conclusão. Vou-me embora. Isso vai mudar muita coisa, mais do que aquilo que quero, mas vai também mudar aquilo que mais quero. Vai-me mudar a mim.
Faltam poucos dias para saber se sim ou não. Não está dependente de mim. Quer dizer está. Dos meus conhecimentos, principalmente. Mas se estivesse totalmente dependente de mim, neste momento não estaria a escrever isto. Estaria a comprar o bilhete de avião, a preparar uma mala o mais rápido possivel com menos coisas possiveis. Quanto mais deixasse cá melhor. Não gosto nem disto, nem de mim, já disse. Quando sair, não me quero mais lembrar de quem era aqui.
Muitas vezes ouvi 'uma casa nem sempre é um lar', ao contrário de muitas outras expressões, sempre entendi esta, o que me encoraja ainda mais a sair daqui. Da minha casa, que não por culpa de quem lá vive, não é um lar.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Ergui-me; trémula. Sentei-me. Olhei à minha volta e senti-me enjoada. Aquele quarto transpirava a ti. Pior, transpirava a nós.
Saí então de casa, mas, quase que como um movimento involuntário, peguei numa camisola tua. Um simples e estúpido movimento involuntário adquirido. No entanto, não me importei, no fundo ia fazer uma coisa que era nossa. Aliás, um hábito nosso.
Fui para a praia. Estava a chover, a praia estava vazia, o mar um pouco revoltado, mas não tanto como seria de esperar.
Lembro-me de passar estas manhãs frias nos teus braços. Não falávamos. Com o tempo fomos percebendo que as palavras só servem para magoar. Muitas vezes, trocávamos 5 frases por dia, mesmo assim eramos felizes. Ao contrário dos que nos rodeavam nunca precisámos de tempos para pensar, nem nunca perdemos a cabeça um com o outro. Parece que era simples de mais não é?
Agora estou sem ti, e não te culpo. Não culpo ninguém aliás. Dizias muitas vezes 'mais cedo ou mais tarde o fim aparece para tudo, mas a vida continua, às voltas, incerta, obriga-nos a viver toda a dor e felicidade, dia a dia, até nos deixar ela também'. Gozava bastante contigo, até ao dia em que percebi o que dizias.
Sinto-me ridicula. Volto a casa. Já não me sinto enjoada. Gosto de estar aqui, afinal.