Por que és o único que me salta em cima e me acorda com um beijinho no nariz. És o único a quem faço o pequeno almoço e ofereço o meu colo enquanto vês e comentas tudo o que passa na televisão. (Já te disse que às vezes fico surpreendida com a tua capacidade de observação?). És o único que escolhe a minha roupa antes de irmos para a praia ou para o cinema, o unico que mexe nas minhas coisas e pode sempre usá-las. És o único a quem faço o jantar (massas com azeite e mozzarela). És o único que toma banho comigo. És o único com quem vou às compras de mão dada. És o único que adormece a mexer-me no cabelo.
Eu gosto de quando gozas comigo por não saber falar italiano, e gosto de quando te ensino a contar em inglês. Gosto de te ouvir falar porque tens o melhor sotaque do mundo. Gosto de ouvir a rádio e cantar contigo. Gosto de quando amuas e fazes cara de mau. Gosto de quando me bates e começas a fugir, e de quando me dás beijos na boca à frente de toda a gente por saberes que odeio. Gosto de quando fazes aquelas fitas irritantes e sou eu que tenho que ir falar contigo. (Lembrei-me agora de uma vez em que eu estava a chorar e tu, sem fazeres nenhuma pergunta, abraçaste-me; e sem dizeres nada limpaste-me as lágrimas com a tua camisola. Nem parecias ter a idade que tinhas). Gosto quando estamos a pintar um desenho e tu pintas tudo menos a folha. (Lembras-te de quando pintámos a roupa um do outro e tivemos que a esconder para ninguém a descobrir?). Gosto de quando passas meia hora a frente do espelho a fazer mil e uma caras. Gosto de quando me pedes para te ler uma história ou até para te lavar os dentes. Gosto de quando estamos quase a dormir e me pedes um copo de água.
Lembrei-me de outra coisa completamente diferente, mas que sei que nunca vou esquecer. Um dia, quando estávamos deitados e quase a adormecer, perguntaste-me para onde é que iamos depois de morrer, e eu disse que nos transformavamos em estrelas e ficavamos no céu para sempre, e tu perguntaste se todos tinhamos que morrer e eu disse que sim, porque o céu não vive sem estrelas e tu começaste a chorar e abraçado a mim disseste 'eu não quero que tu morras cati'. Juro que nunca senti tanto orgulho como nesse dia, nessa noite. E no dia a seguir fomos à serra ver as estrelas.
Eu quero o verão para te ir buscar a Roma e trazer-te para ao pé de mim, porque sim, eu preciso de tudo o que me dás, e preciso desse sorriso lindo, desses olhos verdes e desse cabelo castanho claro sempre ao meu lado. É incrivel ser um amor tão grande porque eu só te vejo uma vez por ano, exactamente no verão.
Podes contar sempre comigo.
2003 (L)