terça-feira, 24 de agosto de 2010

Chega (2)

Deves ter ouvido a minha mensagem de voz no dia a seguir, porque foi quando me ligas-te.
Ligas-te uma vez e não atendi. Tinha medo que arranjasses uma desculpa qualquer, para no fim chegar à conclusão de que te tinhas enganado no número.
Ligas-te uma segunda vez, estava no banho.
Ligas-te uma terceira vez, não ouvi.
Ligas-te uma quarta vez e quando estava mesmo, mesmo para atender, desligaste. Ao menos tornaste as coisas mais fáceis.
Passado uns minutos recebi uma mensagem no meu telemóvel. Não era tua. Respirei num misto de alivio e irritação. Era só a dizer que tinha uma nova mensagem de voz.
Liguei para o número apresentado. Quando ouvi a tua voz as minhas mãos tremeram, depois as minhas pernas. Decidi sentar-me. 'Não tem que ser assim. Eu amo-te', disses-te.
Pensava que resistia. Mentira. Já sabia que isto ia acontecer. Já sabia que bastava aquela mensagem, ou outra qualquer, para neste momento estares a beber o teu café, à minha frente, com o teu sorriso matinal, a perguntares-me, inocentemente, 'que é que estás a fazer?'.

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